Filosofia do Comportamento Econômico

Por que os modelos econômicos muitas vezes falham em suas previsões, apesar da sofisticação alcançada por seus métodos? Por que muitos com conhecimentos sobre finanças, economia e investimentos conseguem administrar o dinheiro de outros indivíduos ou empresas, mas não conseguem gerir com a mesma sensatez a própria vida financeira? São perguntas para as quais a psicologia econômica e a economia comportamental trouxeram esclarecimentos relevantes que renderam Prêmio Nobel de economia nos anos de 2002 e 2017. No entanto, não foram suficientes para que essas questões ficassem elucidadas por completo.

Buscando por mais entendimento, a filosofia se juntou à psicologia e à economia comportamental para estudar o outro vértice do triângulo econômico do ser humano: as emoções como fatores de influência nas escolhas de um indivíduo que está no mundo em situação de interação social. Foi pensando nesses termos que surgiu a filosofia do comportamento econômico.

Até então, quando se pensava em economia logo vinha à mente pessoas racionais capazes de fazer escolhas que melhor beneficiassem seu bolso. Afinal, como nos ensinaram Adam Smith e John Stuart Mill, perseguimos a riqueza e evitamos a pobreza e isso deveria nos fazer buscar sempre um ganho maior em nossos negócios diários. Mas o ser humano não é somente quase racional, como defende Richard Thaler, é também emocional, a ponto de David Hume afirmar que a razão é escrava das paixões. Por trás da busca da riqueza existe todo um arcabouço de emoções ligadas ao conteúdo simbólico que acompanha o dinheiro, que representa a possibilidade da satisfação dos desejos ilimitados de um indivíduo sempre desejante e nunca satisfeito.

A economia é uma ciência pertencente à área das humanas, o que significa dizer que além de seu objetivo ser o ser humano é operada na vida real por seres humanos. Não pelo homo economicus (homem econômico) racional, postulado nos modelos abstratos, mas pelo indivíduo de carne e osso que paga contas, faz empréstimos, usa o cheque especial, vai ao cinema, anda de bicicleta, enfim por qualquer um de nós e não somente por pessoas que têm conhecimento sofisticado em economia e finanças. Se a vida fosse uma estrada, a economia seria o asfalto que a cobre e sobre o qual a percorremos.

É a partir desse ponto que a filosofia do comportamento econômico baseia seus estudos e pesquisas, utilizando as descobertas científicas da psicologia e da economia e pensando sobre elas. O objetivo desse site é discutir o assunto de forma mais ampla, apresentando o resultado das investigações desse novo campo do estudo filosófico e de tantos outros que se dedicaram a entender o ethos humano no mundo, apesar do mundo.

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C.V.
Nara Rela

Pós-doutoranda em Psicologia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, PUC-Minas. Graduada em Economia e Filosofia, Mestre em Filosofia, PhD em Filosofia pela Pontificia Università Gregoriana, Roma, Itália, Visiting Fellow na Università di Genova – Itália.
Estágio nos departamentos de vendas nacionais e internacionais de empresa alemã.
Coordenadora de exportação em diversas empresas brasileiras.
Foi presidente do Conselho Nacional de Turismo.
Participou de missões para atração de investimentos internacionais e “road show” em Lisboa e Paris (coordenadas pelo Ministério de Turismo, pelo Banco Espírito Santo e BNP Paribas), Índia (Delhi e Mumbai).
Comentadora de Economia em noticiários de TV, cujo objetivo era o de explicar de forma clara as conjunturas econômicas brasileira e internacional, as diversas medidas adotadas pelo governo e o que isso afeta a vida prática do cidadão.
Colunista de economia em jornal estadual.